A Saga de Ambrósio!

Ter gato é para os corajosos. São melindrosos, chatos, arrogantes, tem um ar de mistério e nem sempre são domáveis. Talvez por isso eu os tenha... e são 4!
Ter gato é para quem quer exercer as emoções. Eles fogem, se escondem, andam pelos telhados. Quando querem carinho procuram o dono, mas se o dono tiver o desejo de acarinhá-los, pode dar com os burros n`agua! Eles determinam o tempo e a ação! Não fazem suas necessidades em qualquer lugar e se sua caixinha estiver suja, só faltam usar o banheiro da casa. Se limpam o tempo todo e são preguiçosamente ligados.
...
Eu gosto de gatos. Aprendi a gostar dos felinos talvez por essa independência prepotente. Claro que também tenho cães, mas eles são bonzinhos e dóceis. Fazem o que queremos e se aparanharem, continuam sendo fiéis. Gato não! Mesmo castrado eles nem sempre estarão ao seu lado. Então, a pergunta é: porquê tê-los? Seria pelo desafio de tentarmos exercer o controle?
Talvez...
Acho os felinos parecidos com os homens. Não somos facilmente domáveis. Também fugimos, nos escondemos em buracos. Somos ariscos, desconfiados. Queremos o melhor do melhor e não aceitamos facilmente qualquer coisa. Humildade, comumente passa longe! Mas há excessões...
...
Eu já falei que tenho 4 gatos?  Então...
Um dos meus gatos é o Ambrósio, mas chamamo-o de Miu (ele parece gostar mais). Ganhou esse nome quando o encontramos sem metade do rabo, com o tamanho da palma de minha mão. Pequeno, frágil e faminto, gritava "miu, miu, miu". Ambrósio foi para colocar no documento.

O Ambrósio é uma figura e acho que não é muito felino não. É obediente, mas tem lá suas rebeldias. Gosta de carinho a qualquer tempo e pede quando não temos tempo. Já andou brigando algumas vezes, mas porque invadiram seu território e saiu em defesa do outro gatinho, filhote na época. Descascou a barriga do camarada que deu umas tapas no filhote! Por isso, o invasor ganhou o apelido de Descascado. Acho que ele gosta... sempre ronda nosso quintal, mas se mantém longe do Miu, ou Ambrósio.

Em Setembro de 2008, no dia 11, decidiu cruzar a rua atrás de um gafanhoto e foi atropelado por um fusca. Saiu se arrastando desesperado, e, para meu desespero, vi tudo, cena a cena! Rapidamente corri e mesmo levando muitos arranhões, consegui levá-lo para dentro e imediatamente acionei um veterinário. Porém, como minha cidade é limitada nessa área, tivemos que correr para a cidade com a condição de atendimento. Passou um dia todo fazendo exames para estabilizar a bexiga e descobriu-se fratura da baxia e da coxa. Ficou um final de semana internado na clínica Auqmia em Bandeirantes para receber medicação, sob os cuidados da Dra. Aline. Na segunda, partimos para Londrina e lá, um especialista em cirurgias ortopédicas, Dr. Rodrigo Reis, iniciou o procedimento para a cirurgia. Nada fácil o quadro, mas o bichinho se safou. Depois de 20 dias dentro de uma gaiolinha e mais 20 preso dentro de casa, mas fora da gaiola, o Miu estava andando e pior: subindo pela cortina! Isso para nós era amedrontador. Podia quebrar algo de novo e teríamos que correr com ele pra Londrina. Nada fácil, mas o Miu sobreviveu.

Ano passado o Miu, nosso Ambrósio, decidiu repetir a façanha de tentar cruzar a rua atrás de um grilo. Lá se foi de novo na pancada mais um pedaço do felino. Quebrou a mandíbula e lá vamos nós para Bandeirantes e o cidadão foi operado pela Dra. Aline e o Dr. Rogério. Ele ficou bom, faltando uns dentes, mas perfeito (com alguns fios a mais...)! Parece que compreendeu que não deveria mais cruzar a rua. Decidiu investir nos telhados vizinhos...

Há algum tempo o Miu "sumiu"! Chamávamos ele e ouvíamos sua voz de longe. Só não conseguíamos identificar exatamente o local. Subíamos, eu e meu maridinho, na caixa d´agua e gritávamos por ele. A noite, no segundo dia, vimos o vulto branco na parte de cima do quarteirão, sobre um telhando de uma casa que dava fundo com a nossa. Descobrimos que ele estava preso! Subiu lá por conta de um caminhão que o dono da casa deixava do lado do telhado e perto do muro. O problema é que o tal caminhã saiu de lá! E o tal do Ambrósio ficou lá, todo preso.
No terceiro dia tivemos que ir até a casa do vizinho e, com árduo trabalho, tiramos o gato do forro da vizinha. Depois disso ele sumiu mais 2 vezes... mas sempre volta!

Também há algum tempo, o Miu passou a ter alguma dificuldade para defecar e isso foi ficando cada vez mais difícil. Tivemos que correr com ele novamente para a Dra. Aline e depois de 2 tentativas de lavar o intestino, lá vai o Miu novamente ser operado! Teve fecaloma e descobrimos um problema por conta do primeiro atropelamento. A bacia do Miu se fechou de maneira a não permitir que as fezes saíssem de maneira natural. Menos de 1 mês e uma nova cirurgia para limpar o intestino de novo. Aí, então, começou a nova saga do Miu: o que fazer? Tudo muito delicado e nenhum profissional queria arriscar. Ou retirava parte enorme do intestino ou abria um pequeno buraco na barriga para as fezes saírem, o que causaria uma infecção e o mataria em pouco tempo. De qualquer jeito, não havia muita esperança para ele. Mas, como a gente não desiste nunca, partimos na fé, na busca de possibilidades para o gato guerreiro!

Depois de alguns dias,  a Dra. Aline conseguiu encontrar um especialista que aceitou o caso, o Dr. Fernando, da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Fizemos um primeiro contato e nada fácil. Num segundo momento, levamos o Ambrósio pra Londrina e não deu em nada. Voltamos pra casa com um gato desidratado, com um abdôme enorme e magro sem fim. O médico não estava e teríamos que esperar. A espera durou mais 1 mês. Nesse período, outra cirurgia foi feita para limpar o intestino e, quando menos esperávamos, sem mais esperança, recebemos uma ligação para levar o Miu pra Londrina. O Dr. queria conhecer o animal.

Dr. Fernando é um cara jovem, despojado, pra frente.  Nos informou ele que a cirurgia era arriscada e constava de retirar parte do intestino (o que o faria defecar mole sempre), e o enxerto de um osso para ampliar a pelve. Tudo tinha risco. Na retirada do intestino poderia ocorrer infecção generalizada, bem como o enxerto pode infeccionar e uma coisa contaminaria outra... enfim, tudo era um enorme risco. Mas algo deveria ser feito. Ele aceitou o desafio. No dia 21 o Miu foi internado e 3 dias depois foi operado. A cirurgia correu bem e para nossa surpresa, o intestino foi preservado. No dia 25 fomos buscá-lo e aí, novamente os cuidados de mantê-lo quieto e medicado.

Resultado?

O Miu precisa voltar de vez em quando lá porque virou estudo de caso. E ele faz cocô? Sim! Ele faz cocô! A cirurgia foi um sucesso e ele é um gato biônico mesmo! É feliz e interage com os outros 3 gatos que temos.  Anda pelo quintal, cheira as flores e come matinhos. Fica em cima da casa observando a movimentação dos insetos e no "observagato", carinhosamente construído pelo maridinho, passa horas observando a movimentação da rua.

O Ambrósio é dócil, amoroso, obediente. Atende a comandos que, normalmente, só os cães fazem. Se a gente diz pára, ele pára. Se chamar, ele vem. Se brigar, ele fica chateado. Não gosta muito de banho não e, raramente se limpa adequadamente. Gosta de rolar pela terra e fazer questão de mostrar que está bem sujo. Mesmo assim, dorme onde quiser e a hora que quiser. Quem vai mexer no Ambrósio? Nem daria, não?
Este é o Ambrósio... Diz a Dra. Aline que, pelas contas, ele já perdeu as 7 vidas que os felinos têm.
...
Acho que nós, os humanos "ambrósios" também somos assim. Além de indomáveis, comumente, precisamos experimentar todas as possibilidades de perda para vermos as possibilidade de reconstituições. Nesse caso, Deus entra na jogada! Se deixarmos ele operar nossas vidas, quantas vezes for preciso, andaremos, talvez mancando, talvez com algumas pequenas dores, mas andaremos. Mas Deus não é perfeito? Sim! Tão perfeito que nos permite visualizar a glória futura e a esperança vindoura do Cristo ressurreto para, então, fazemos o que Paulo, escravo do Senhor por amor, fez: "esquecendo-me das coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus"!
Este é mais um relato que  a vida conta.

Miu no chiqueirinho durante a recuperação do primeiro atropelamento.

Miu após a cirurgia, no processo de recuperação.

Miu e o paizão!

Miu no "gatorinho", o observatório disputadíssimo aqui de casa.  

Miu após cirurgia do segundo atropelamento. A boca tá inchada!

Miu se recuperando com o sono da pedra. Ele gosta de ficar tomando sol neste lugar.


Miu arriscando os passos no muro.
Parte da família animal da casa...
Este é o Miu recebendo carinho após a última cirurgia. No total, 7 vezes operado.
Por Edilaine M. Vidotto Rech

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